2 de junho de 2011

Jogos Violentos Realmente Geram Violência ?


Bom, novamente volto a falar de um tema relativamente sério, afinal de conta ele atinge a todos os gamers do nosso país, certo ?

Enfim, todos nós brasileiros, seja por meio da televisão, internet, ou mesmo dos jornais e notícias de rádio ficamos sabendo do massacre de Realengo, onde Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos deu tiros em várias crianças com 12 mortos e depois o causador do incidente cometeu o ato suicida, e um detalhe impressionante é o fato de culparem os jogos que ele jogava mas nunca sequer citaram com a total atenção ao fato de que ele pesquisava sobre terrorismo e ceitas religiosas fundamentalistas, isso claramente nunca é citado.

Compreendo que é um crime horrível e que foi numa situação ainda pior por que foi dentro de uma escola, onde o cara sacou dois revólveres e disparou cruelmente, mas a questão é a seguinte.

Por que só agora falar disso ?


Bom, eu esperei as coisas esfriarem e a oportunidade de ter mais material pra falar do assunto, por que um fator me revoltou bastante.

Trata-se da situação de colocar a culpa nos jogos, afinal isso é muito mais fácil do que falar as reais causas que se lê nos jornais, afinal a publicidade nacional não falou com total ênfase coisas como o fato dele ser adotivo, a mãe biológica ter tentado se matar, e um fator importante, que é o fato da sua mãe adotiva ter tratado ele de modo distinto, afinal ele era o mais novo dos 5 irmãos sendo que eram todos mais velhos e casados, e isso eventualmente fez com que fosse tratato de modo diferenciado pela mãe, e isso fez com que ele fosse um rapaz quieto, tímido e introspectivo e pelo visto nem sequer teve interesse por parte da família para ser tratado, mas isso não vem ao caso !

O que mais me irritou nessa situação, fora o próprio massacre foi o fato da Rede Record exibir uma matéria contendo conteúdo um tanto inadimplente e totalmente sem imparcialidade, que é isso, essa matéria estúpida alegando que videogames estimulam violência em nós seres humanos, como se fossemos terrivelmente manipuláveis por produtoras como Rockstar para nos transformarmos em máquinas de guerra.


É totalmente imbecil isso, afinal de contas vários estudos relatados demonstram claramente melhoras de raciocínio cognitivo e velocidade de pensamento para problemas e essas crianças jogavam videogame, afinal elas precisam disso nos jogos e isso se reflete nas escolas, mas pra nossa querida emissora isso é uma coisa ruim, afinal trata-se de uma emissora onde o dono é um bispo, né ?

Me admira que uma emissora que só tem investimento devido a boa parte de dízimos falar uma atrocidade dessas contra nós gamers que simplesmente queremos um espaço tranquilo pra jogar sem sermos alvos de conspirações idiotas e sem sentido.

Outra coisa comprovada, é o fato de que videogames sim, fazem bem a saúde da criança e que mitos como "os videogames deixam as crianças menos sociais" são meras metáforas, afinal o convívio é uma questão aprendida com os pais e não com uma manete. Outra coisa idiota sempre citada é o fato de jogadores viverem em mundo de fantasia, o que não acontece, afinal a psicóloga Amélia Kassis afirma que os games transmitem a fantasia para nós mas isso nunca implicou em loucura, afinal isso é nada mais que mero incremento da nossa criança interior e por mais que digam o contrário, faz bem pra saúde sim, tanto mental quanto física. E não podemos ignorar que no Brasil videogames, animes e coisas do tipo são raramente vistos como coisa de gosto pessoal e sempre visto como "coisas de criança", o pior de tudo é o preconceito que um adulto precisa lidar por causa de uma coisa um tanto pessoal.

Lógico que tudo demais pode ser prejudicial, mas cabe aos pais limitar os filhos até onde eles acharem adequado, eu por exemplo, fui uma criança agitada demais e com os videogames eu ficava de boa, e meus pais viram que não havia o menor problema, nem por isso me tornei uma pessoal antisocial, ignorante, tímida ou mesmo um atirador. Afinal de contas, os videogames nas crianças tem um efeito interessante, é exatamente o oposto que todos dizem, as crianças passam a ver o que se passa na tela como fantasia e sabe diferenciar ainda mais fantasia de realidade, mesmo ainda bem jovem, e esse discernimento fica ainda melhor com o uso de jogos eletrônicos ou mesmo tarefas como assistir TV.


E deixando bem claro, que adultos que jogaram bastante durante sua adolescência tiveram melhor desempenho em áreas de cálculos e lógicas e boa parte delas seguiu curso de exatas na fase adulta de sua vida, e além do mais, nunca houve uma epidemia de violência que pudesse ser atribuída à games, coisas assim só ocorrem quando há disturbios psicológicos a ponto de pessoas não saber diferenciar fantasia de realidade, como foi o caso do sujeito do massacre, a carta que ele deixou de suicídio é a prova disso, afinal nada ali faz o menor sentido.

Uma outra coisa que vai contra a tudo isso, é o que disse Haim Grunspun, que é psicólogo, psiquiatra, bacharel em direito e professor da PUC-SP, disse e afirma em sua matéria os seguintes trechos:

"A mesma geração de pais e avós que critica o videogame (e eu me incluo nessa geração) parece se esquecer dos filmes em preto e branco de 60 anos atrás em que os índios eram os vilões e abriam, com um machado, a cabeça dos fazendeiros. Era então mais que justificado disparar centenas de tiros de revólver e carabina sobre os nativos. Quando veio o technicolor, o sangue dos índios ganhou cor e aplausos da platéia, que gritava: “Mata...mata...” E nunca ouvi alguém dizer que esses filmes e desenhos prejudicaram a vida adulta dessa geração."

"Como psiquiatra pude comprovar a falsidade dos males provocados pelos videogames depois de fazer algumas pesquisas. Os dados mostraram que esses jogos, na verdade, ajudavam no desenvolvimento da personalidade das crianças, principalmente entre os meninos (80% dos aficionados pelos jogos são homens)."


"Não concordaram que a violência dos jogos os tenha contaminado. Quando perguntamos o que significava para eles cortar a cabeça ou arrancar o coração de um inimigo nos jogos, a resposta foi a mesma: apenas um meio para chegar à próxima fase do seu jogo predileto."

"Outros trabalhos confirmaram que o videogame não é um catalisador da violência. Uma pesquisa feita pela polícia de São Paulo no fim dos anos 80 para detectar a distribuição de drogas entre jovens que freqüentavam fliperamas (e não praticavam esporte) revelou que eles não cometiam atos de violência em número maior do que os grupos que não jogavam fliperama. Estudos com as agressivas torcidas de futebol de Inglaterra, Holanda e Bélgica mostraram que esses torcedores foram esportistas na puberdade – e não aficionados por games violentos."

"Em vez de procurar um bode expiatório para o mau comportamento dos seus filhos,os pais deviam estar mais preocupados em melhorar o relacionamento com eles, demonstrando afeto e procurando conhecê-los melhor. Sentar com eles para uma partida de videogame talvez seja um bom início de conversa..."


Acho que nada mais precisa ser dito, certo ?


Fonte da reportagem do Haim Grunspun: Super Interessante

5 comentários:

Caroline Vargas disse...

Falar da relação entre violência e games acaba sendo um tema bastante subjetivo. Evidente que games violentos podem sim influenciar atos violentos.
Assim como a música, desenhos animados, filmes, programas de tv, etc... Eles nos influenciam de forma positiva e podem influenciar negativamente também se não soubermos separar as coisas...
Existem muitas pessoas psicologicamente afetadas que podem se inspirar pelas coisas que são vistas por eles, o que acaba gerando episódios lamentáveis.
Cabe a cada um ter consciência dos atos e saber o que é certo e o que é errado,e, percebendo que alguém possa ter esse tipo de problema, deve-se ajudá-lo.
Infelizmente sempre terão pessoas que podem se influenciar por meios de comunicação e diversão e gerar confusões.
Parabéns pelo post. O assunto é polêmico e complexo, tratou-o de forma muito eficiente.

Juninho! disse...

Obrigado. É sempre bom divagar assuntos polêmicos dessa forma mostrando os dois lados, e por mais que pesquisas sejam feitas provando que pessoas que se "inspiram" em jogos são psicologicamente alteradas, sempre haverá veículos de comunicação imbecis como a rede Record pra falar o contrário e ainda mostrar coisas extremamente forçadas como conteúdos das pessoas que "superaram a violência dos games" e ainda desejam que as pessoas que assistem sejam perturbadas o bastante pra acreditar em 100% daquilo que foi relatado!

Anônimo disse...

jogos violentos ou qualquer jogo não gera violencia!é muita burrice da igreja colocar culpa nisso!

Juninho! disse...

Isso é verdade, culpa do fanatismo que cega as pessoas e fazem elas acreditarem nas coisas que veem sem ao menos refletirem em cima daquilo e pensar "poxa, isso realmente faz sentido ?"

Nagisaciso o GERBOA disse...

Eu jogava Super Mario Bros na infância... Agora eu não consigo parar de pular em cima de tartarugas e por baixo de blocos... Triste...