7 de janeiro de 2015

Metal Gear Solid 2 - Apesar do Choro, Um Passo à Frente


Metal Gear Solid é uma franquia fantástica que conheci de forma muuuuuito tardia, com isso, comprei o The Legacy e simplesmente comprei o Rising junto.

Já falei do primeiro e do Rising, e gostei muito de ambos, e como não sou um cara estúpido que joga por ordem cronológica, óbvio que jogarei por ordem de lançamento.

Afinal de contas, como toda e qualquer série, MGS vai lançando e botando elementos novos em todos os pontos possíveis e eu poderia e com toda certeza tomaria uma chuva de spoilers.

Com isso em mente, aguardei o momento certo, ritmo de trampo diminuiu e tive mais tempo possível pra jogar Metal Gear Solid 2.

O jogo visto como ovelha negra da franquia, o mais odiado e um dos jogos (bons) mais mal falados de todo o PlayStation 2 estava nas mãos do cara chato que é visto como hater.

E agora? O que aconteceria? Vamos "espionar" pra ver o que acontece?

Sentiram a potência da piada ruim? Acho que o ideal seria "espiar", mas ok, vamos embora antes que o de Nóbrega me contrate.



Mas à respeito de MGS2... Será que eu gostei? Será que eu odiei? Será que o mundo entrará em colapso por falar de um jogo desses no primeiro post do ano de 2015? Não percam no Globo Reporter logo abaixo.

Eu dessa vez quero começar a falar pelas mecânicas, olha, começou tudo bem. Porque basicamente, vamos pegar o jogo original do PS1 (que é melhor que o remake, todos nós já sabemos disso) e em suma, é um jogo excelente, que envelheceu super bem e tem mecânicas absurdamente funcionais, então, o que impedia ele de ser usado como base e ainda incrementar coisas que fossem boas o suficiente pra melhorar? Nada. Correto?

E assim foi feito.

Snake agora tem um leve avanço e Raiden no lugar tem uma estrela que faz girando seu corpo, e absurdamente tudo foi melhorado, esconder ficou mais intuitivo (e mais difícil, explico no decorrer), agora temos uma visão em primeira pessoa que permite atirar (no MGS1 era pra somente aumentar a visão e nada além) e vários outros pormenores como uso de cartões sem ter a necessidade de segurá-los.


Verdade seja dita, se você tem o cartão, não precisa ficar selecionando ele a cada porta que vai abrir, isso era chato no 1. Não incomodava mas é chato. Esses detalhes colaboram pra um aumento de fluidez no decorrer do jogo, tipo aquele bom e velho game design, ta ligado?

As mudanças em suma são normalmente pequenas, mas absolutamente funcionais e significativas justamente pelo meio de utilizar tudo à longo prazo. Então mecanicamente falando, esse é o ponto melhor.

Agora, uma coisa que não incomodava mas era fato é que no primeiro jogo, ao ser detectado pelo inimigo, você ficava um tempo sendo procurado e depois tudo voltava ao normal, mesmo que os seguranças ficassem levemente mais atentos.

No 2, eles melhoraram isso e deixaram tudo mais digamos... Convincente. Vamos imaginar a seguinte situação. Você tá lá e é descoberto. Eles te procuram, você conseguiu se manter escondido, porém não é só a atenção deles que aumentam. Primeiro eles chamam uma tropa de segurança pra escanear o local, e com isso se você der mole, vai ser fuzilado, porque de fato, tem MUITO soldado atrás de você, te obrigando a usar o stealth ainda mais.

Levando em conta, que ele segue a linha do primeiro, não é absurdamente realista e tampouco frustrante, mas é convincente e gostoso de jogar, mesmo pra mim que cago e ando pra jogos do gênero.

Uma outra adição muito boa é que botaram armas com tranquilizante, pra você não ser obrigado a usar o estrangulamento, que por sinal agora funciona muito bem. Mas é mais legal simplesmente botar os caras pra dormir e ir avançando. Mas é aí que tem outra coisa muito foda, que é o fato dos soldados terem a IA bem maior. Quando um soldado vê o outro dormindo, ele soca ele, dá chute, tapa na cara, acorda ele na base da pancada mesmo mostrando que ele ta sendo um péssimo soldado e eles acordam todos espantados e dá pra dar umas boas risadas usando esses artifícios.

Um outro bacana é a movimentação, os soldados dormem, acordam, espreguiçam, conversam, tem reações e quando você ta bem perto deles e mira neles o seu personagem diz "FREEZE" e ele levanta as mãos pra cima e dependendo do soldado ele pode reagir ou ficar só tremendo de medo. Isso é um detalhe que achei bem foda e totalmente indispensável em jogos futuros.


Por último, das adições que me lembro teve uma bem interessante que é a possibilidade de se esconder em armários e não só isso, como matar (ou botar pra dormir) e simplesmente botar o corpo (ou cadáver) lá dentro.

Vocês tem ideia do quão variado o gameplay se tornou do 1 pro 2? Sério, vocês conseguem ter essa noção? Mudou muito e pra muito melhor. 

Ufa, falar das mecânicas ficou grande, eu sei, mas ainda tem o resto. Então ajeita essa bunda na cadeira e bora continuar lendo.

Gráfico dele no PS2 era bonito, porém relativamente modesto, como joguei na The Legacy do PS3, tive a oportunidade de jogar o remastered em HD, então o que posso dizer é que de fato, ficou bonito. Diferente de alguns jogos *COF* *COF* God of War *COF* *COF* que são meramente esticados e até meio feios de se ver em "HD".



Tem bastante detalhe adicionado nos cenários, rostos, expressões e etc, não é muito difícil notar a diferença.

E agora venho falar dos dois pontos mais fortes desse jogo e as duas principais evoluções do primeiro título: as músicas e a história.

As músicas por terem qualidade de som maior, foram feitas com mais ousadia, basta pegar a tema de batalha do primeiro, que é MUITO foda, e comparar com a do segundo. A do segundo tem mais detalhes, por exemplo, a música dos chefes tem alguns "ruídos" bizarros no meio da música, causando a sensação correta de algo perigoso porém com tons de fantasia dentro de contexto militar.


Se ouviram, deu pra ver que tem bem mais coisas, isso é devido à notável qualidade de áudio melhorada de CD pra DVD que fora usada do jeito certo, botando mais coisas na música tornando ela muito única. Singularidade total nessa trilha sonora.

Agora, o ponto da história é de longe o mais debatido e questionado da série e principalmente nesse segundo jogo. Afinal de contas, o que aconteceu?

Se você jogou o primeiro jogo sabe tudo que aconteceu em Shadow Moses e o final canônico. Com isso, o 2 começa com Snake invadindo um navio, o Tanker, esse navio havia suspeitas de estar com um Metal Gear dentro e Solid Snake não mais pertence à FOXHOUND.

Ou seja, FOXHOUND depois do primeiro jogo acabou, dois anos se passaram e agora Snake trabalha sozinho com Otacon e do nada tudo dá errado, a porra desanda, Ocelot aparece, diz que não ta roubando o Metal Gear e sim pegando de volta e Snake é dado como morto nessa bagunça toda.

Com isso, dois anos se passam e Raiden é enviado por Campbell à mando de quem? Foxhound. Pra onde? Big Shell. O que é a Big Shell? A plataforma responsável por limpar o vazamento de petróleo do incidente do Takner que ocorreu dois anos atrás na explosão do navio que Solid Snake estava.

Então, o primeiro feeling ao começar o jogo com Raiden é:

"Que porra é essa?"

Oi gente, eu voltei. Ou melhor "voltei".

Mas não no sentido ruim, não pra mim. Eu gostei pra cacete dessa ideia, afinal de contas, tinha que ter alguma mirabolância envolvida, e como tem. Minha nossa!!!

Na verdade, tem até demais. A proporção do enredo subiu tanto que muita gente desgosta por essa razão, uma razão deveras compreensível. Conheço algumas pessoas que gostaram do primeiro Solid justamente por ser mais sóbrio. Ou melhor, "sóbrio". Porque ele já era bem exagerado, até porque eu não acho que tenha muita sobriedade numa história onde um inimigo possa ler mentes mentes nem coisas parecidas.

Então, o 2 pegou as ideias do 1, explicou elas de verdade, porque o que você sabia sobre Shadow Moses não era o suficiente e até em partes tava meio "errado", e com isso vai mostrando muitas coisas e mais informações sobre os Patriotas. Os patriotas são basicamente um grupo de pessoas que "segura" o mundo como ele é, por entender bem como as pessoas são e usam isso meio que "contra" elas, porém, Solidus Snake, vilão do jogo e irmão de Liquid e Solid, aparece pra tentar impedir.

Não vou dar muito mais informação que isso, mas algumas dicas não custam nada.

Se você pensa como eu e achava Liquid Snake um vilão final meio sem graça (afinal ele só fez tudo no 1 por inveja) porém carismático, fique tranquilo, Solidus dá de 10 a 0 em motivação nele. Porém MUITA coisa muda e isso inclui o que você sabe sobre Liquid, Ocelot, Snake, Otacon, Raiden e demais personagem. Tudo que você conhece simplesmente vai cair por terra e vai te deixar absolutamente chocado.



Com isso tudo em mente, acho que o problema do Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty pra muitos foi o excesso de informação. Afinal ele pega a ideia do 1 e bota ela num contexto ainda mais atual e amplia com tanta força que dá até medo. Mas muita gente rejeitou por isso. Sem falar no mimimi envolvendo o Raiden pelo simples fato dele não ser o Snake.

Me passa a impressão inclusive, de que o 3 não deveria ser uma prequel e sim uma continuação, mas o Kojima não poderia usar o Raiden por muito tempo devido à rejeição. Óbvio que isso é um palpite, mas até dizem isso sobre o 4 e não é muito difícil achar informações à respeito desse tipo de coisa porque há quem diga que o 4 deveria ser com o Raiden, mas novamente reforço de que são rumores, nada devidamente confirmado.

E sabe, Raiden é um personagem melhor que o Snake, mas se comparado ao Snake do 1, eu ainda não joguei nenhum dos posteriores (nada de spoiler nos comentários, viu?) mas comparando o Snake do 1 e 2 com o Raiden somente, ele já é mais profundo. Justamente por ter mais de si mesmo explorado. Solid é um soldado criado e etc, à partir dos genes de Big Boss, mas Raiden não. Ele teve um passado horrível, tem uma esposa que conta muito sobre ele nos CODEC's, e nesse ponto você vai aprendendo sobre ele e vai notando sobre a profundidade dele.

Eu joguei o 2 sem saber o que esperar, confesso. Diferente de muitos que jogaram tomando antipatia e outros que jogaram com hype, eu estava completamente neutro. É tanta gente falando dele ser ruim ou abaixo da média, ou pior de todos e alguns mais extremos até me recomendaram pular ele porque "não fazia diferença" mas isso é um tremendo equívoco.

Sim, você não leu errado. Um EQUÍVOCO e dos maiores. Os eventos do 2 são de crucial importância por vários motivos inclusive as explicações à respeito do 1, a introdução de Raiden, conhecemos outro lado (mais humano e profundo) do Solid Snake, temos um vilão melhor, e mais uma série de coisas que eu poderia falar mesmo sem ter jogado os jogos que vem subsequentemente só com tudo que eu joguei no 2.

Metal Gear Solid 2 é um jogo impressionante a cada segundo, as batalhas de chefe são marcantes mesmo as mais digamos... excêntricas como a do Fatman, que é um gordo que sai de patins num local espalhando bombas e temos que ao mesmo tempo desarmar as bombas e enfrentar ele sentando tiro no infeliz. E mesmo a batalha com o Vamp, que é um vampiro (literalmente, viu o que eu falei sobre nível de exagero subir) que enfrentamos num local fechado onde ele mergulha numa piscina e quando sai de lá ele começa a se esquivar das balas e com isso parece que ta dançando músicas da Shakira.

Sim, isso é sério.

Epic Moment

Mas apesar de tudo, acredite, ele é um jogo incrível e posso dizer claramente que ele é uma evolução do MGS1. Eu o considero com todas as letras MELHOR que o primeiro justamente  por pegar tudo que ele tem de bom e ampliar e eu jogo nesse pacote  personagens, músicas, exagero na proporção da história (que eu gostei e muito), profundidade, e até mesmo a variedade de missões por ter aumentado de forma considerável.

Se você quer uma opinião sensata sobre o MGS2, ele é um jogo tão bom quanto o primeiro, talvez sem tantos detalhes quanto o 1 mas a variedade nas batalhas e invasões é a mesma, as músicas são melhores, a história progrediu e demais outros aspectos de qualidade do jogo são tão grandes e bem feitos que sim, ao meu ver ele é melhor que o primeiro.

É um grande jogo, amado por muitos, odiado por muitos mais, mas definitivamente crucial pro entendimento da franquia, e honestamente, acho muito fácil se perder e não entender o jogo pelo excesso de informações, afinal de contas você aprende sobre GW, Patriots, objetivos de Solidus, e demais coisas e depois descobre tanto sobre tudo isso que é bem comum se perder.

Fora que nem tudo é o que parece. Isso torna as coisas ainda mais interessantes.

Mas claro, você pode falar que a culpa é do Raiden e por conta dele o jogo é ruim, porque assim fica mais fácil justificar a sua falta de atenção. Correto?

Agora uma foto do momento mais WTF do jogo só pra fechar com chave de ouro.

"sou tão foda que viro estrela sem as mãos e tampando o bilau"

De nada.

3 comentários:

Flaviometal disse...

Excelente texto. E o jogo é legal mesmo. Demais. Tem tanto plot twist, tanta coisa que foi refinada e referenciada em outros games do gênero que fica difícil apontar um defeito desse game. Se o cara diz ter ficado decepcionado com o Solid não ter sido o principal do game eu até entendo, mas o problema é que muita gente reclama porque os outros reclamam, mas sequer ao menos jogaram o game e sabem a importância do Raiden pra história.

E quem foi o mané que disse pra você pular um dos mais importantes jogos da saga toda? É doente, só pode.

Juninho! disse...

Eu nem vejo o motivo do Raiden ser protagonista como totalmente válido porque é um jogo focado em história e ela por si só "cobre" isso muito bem, eu entendo com mais clareza o excesso de informação deixar a cabeça da pessoa totalmente nublada ou então ela desgostar do nível de exagero que o rumo da história teve, porque se tinha pouca sobriedade no MGS1, no MGS2 ela foi a zero sem dó nem piedade.

E sim, o cara é meio lesado, Raiden é importante e muito pro desenvolvimento do enredo do jogo. Há quem diga que ele seria o real protagonista do 2 em diante, o que de certa forma é uma pena. Por sorte Kojima encontrou o melhor caminho mesmo assim.

Anônimo disse...

Acho legal a saga Metal Gear Solid, mas caras, vocês fariam uma critica a franquia Kingdom Hearts? Acho que ficaria bem legal uma matéria sobre os jogos da franquia.