15 de agosto de 2012

Antagonistas Marcantes dos Games



E aí, leitores do Lugar de Nerd? Quem fala não é o Juninho, dono do blog e autor usual dos textos, mas sim Dipaula (se quiserem ver minha página no DeviantArt cliquem aqui). Sou amigo do cara e ele gentilmente me cedeu espaço para uma postagem, pelo qual eu agradeço. Sou tão fã de games quanto ele, embora mais exigente (ou birrento, como ele costuma reclamar), e gostaria de falar sobre certos personagens presentes em seus enredos.

Vou falar sobre antagonistas. Não, nada de vilões aqui, pois o termo me remete a personagens do (estereó)tipo: “Huahahahaha! Sou poderoso, mau e quero dominar o mundo, porque sim!”. Tais personagens funcionam bem em certos contextos e eu até gosto muito de alguns. De fato meu favorito em Street Fighter é um deles: M. Bison, mas não entremos em detalhes.

Chamo de antagonista (que é aquele que se opõe a alguém ou a uma causa, adversário) personagens que não só saem por aí espalhando medo e morte, mas tem razões plausíveis para isso, razões que, quando reveladas, fazem o jogador se sentir culpado por combatê-lo, ou ao menos compreender seus motivos. Bem, pelo menos os jogadores mais inteligentes e maduros...

Eu amo quando, em um game, eu me pego torcendo pelo vilão (que passo, então, a chamar de antagonista, hehehe...) e inimigos com essa capacidade são os melhores, em minha opinião. Por isso reuni os que mais me causaram tal efeito para apresentá-los a vocês e falar sobre eles.
           
Por favor, notem que alguns deles vêm de games não muito famosos (o que pode ser bom, se você é curioso) e meu critério de seleção é unicamente seus feitos e motivações. Pois bem, sem mais demora, vamos a eles!

Doll Master – Threads of Fate/Dew Prism


Threads of Fate (ou Dew Prism no Japão) é um game de aventura fantástico para PS1 que, como alguns outros, infelizmente não se tornou tão popular a ponto de gerar seqüências.

Na história do jogo houve, em tempos antigos, um mago chamado Valen que criou um artefato mágico com poderes além da imaginação chamado Dew Prism (Prisma do Orvalho). Embora esse artefato lhe conferisse poderes além dos de um deus, ele não era imortal (ninguém é perfeito, eu acho). Temendo que seus inimigos o destruíssem e tomassem seu tesouro, ele selou a relíquia com seu espírito dentro, juntamente com sua fortaleza e ordenou que seus servos adormecessem até que seus inimigos tivessem desaparecido do mundo, para então despertarem e ressuscitar seu mestre, num mundo onde ninguém pudesse atrapalhar sua ambição de tornar-se o senhor de tudo.

Esses tais servos eram seres mágicos artificiais chamados de “Bonecos de Valen”. Todos eles possuíam em sua testa uma “Pedra da Vida” que lhes proporcionava vastos poderes e que era a única coisa capaz de ressuscitar Valen. Doll Master foi o primeiro dos Bonecos a despertar, porém sua Pedra da Vida havia perdido os poderes, deixando-o no mesmo nível de um homem comum e impossibilitado de executar sua missão.

Doll Master foi criado com o propósito de ressuscitar Valen e acreditava que esse era o único significado de sua existência. Quando percebeu a ausência de seus poderes sentiu-se desesperado. Como cumpriria seu dever, sua razão de estar vivo?

É aí que se vê a diferença entre um protagonista e um antagonista. Protagonistas normalmente são ajudados pelas circunstâncias ou por outros personagens a “seguir o caminho certo”, geralmente lutando por valores pré-estabelecidos. Antagonistas, por sua vez, superam tudo sozinhos, com sua vontade e determinação, lutando por aquilo em que acreditam, independentemente da aprovação de outros. Tudo bem que eles arrasam cidades no processo, mas isso só prova o quanto eles tem coragem para bancar as próprias idéias.
           
Doll Master não se entregou ao desespero, imagine! Caso contrário não teria sido citado aqui. Ele buscou por poder sozinho, tornando-se um arquimago top de linha por conta própria e ascendendo ao posto de Conselheiro Real de uma nação super poderosa.

Como não poderia ressuscitar Valen sozinho, Doll Master manipulou a tal nação, usando seus recursos para encontrar outro Boneco de Valen que havia despertado: Rue, um dos protagonistas. Rue havia conservado sua Pedra da Vida, mas não sua memória, não se lembrando de seu dever. Por isso Doll Master assassinou a pessoa mais querida de Rue, Claire, deixando-o sozinho no mundo e o impelindo a procurar pelo Dew Prism, na esperança de usá-lo para ressuscitá-la. Assim, ao se deparar com a relíquia, o arquimago manipularia Rue para ressuscitar seu mestre.

No final, após uma ferrenha batalha entre os dois Bonecos de Valen, Doll Master é derrotado, amaldiçoando a si mesmo por ter falhado em sua missão e perdendo, portanto, a razão de viver. Rue explica ao irmão (criados pelo mesmo cara, lembram?) que a razão que o fazia lutar não era nenhum senso de dever, mas sim sua vontade. Doll Master então compreende que era livre desde o início para escolher seu destino, assim como seu irmão Rue. Colocando o aprendizado em prática, ele se sacrifica para salvar Rue de ser possuído pelo espírito de Valen, tendo um fim heróico e glorioso.

Durante sua trajetória, Doll Master comanda três servos fiéis, que o seguem cegamente, mas não por medo de seus poderes e sim por pura lealdade, pois eles foram salvos por ele, devem tudo a ele. Isso mostra o quanto o personagem está distante do maniqueísmo. Ele não é simplesmente mau, age de acordo com seus objetivos, sendo implacável para com os adversários, mas também generoso para com os seus.

Por tudo isso Doll Master ficará para sempre em minha memória como sendo muito mais que um arquétipo obrigatório numa história. Ele é um antagonista em um oceano de vilões.

Dahlia Gillespie – Silent Hill


Silent Hill é simplesmente a melhor série de games de horror já lançada. O primeiro título é meu favorito, pois foi o primeiro jogo com enredo realmente adulto com o qual tive contato e é de sua antagonista que vou falar.

Silent Hill é uma pequena cidade turística no interior dos Estados Unidos, onde existe um culto religioso chamado simplesmente de A Ordem. Tal culto é formado pelo sincretismo de crenças dos indígenas da região com as dos colonizadores, resultando numa religião de magia, xamanismo, alquimia, tudo com uma atmosfera católica. A Ordem deixou de ser a religião oficial de Silent Hill quando a cidade começou a crescer e se desenvolver, obrigando o culto a se tornar secreto e a se financiar com a venda de drogas para turistas.

Dahlia Gillespie era um dos membros mais fervorosos dessa seita, considerada fanática por muitos de seus companheiros de culto. Era uma mulher reclusa e misteriosa que pouco falava com pessoas da cidade que não partilhavam de sua fé. De fato, era conhecida na cidade como “A Louca Gillespie”. É... Andar por aí vestida de freira e usando gravata não faz maravilhas pela reputação de alguém... Ter traços faciais que sugerem estar um passo atrás na evolução não ajuda também.

Dahlia não era levada muito a sério, porém tudo isso mudou quando sua filha Alessa nasceu. A garota era detentora de poderes psíquicos que fariam M. Bison e Charles Xavier tão inseguros que teriam de fazer terapia. Entre outras coisas, ela era capaz de moldar a realidade! Dahlia, em seu fanatismo, não teve dúvidas de que a menina era um ser divino que teria sido enviado ao mundo para salvar a humanidade e restaurar o paraíso.

A fim de alcançar seu objetivo, ela manipulou outros membros da Ordem, fazendo-os pensar que os rituais que ela faria os permitiriam controlar os poderes de Alessa, quando, na realidade, ela queria fazer com que a filha desse a luz a Deus, trazendo o paraíso à Terra. Desejando o poder de Alessa, os tais membros ajudaram Dahlia em tudo o que ela precisou.

Colocando sua fé obsessiva à frente de seus instintos maternos, Dahlia ultrapassou todos os limites, chegando ao extremo de incendiar a própria casa com sua filha dentro, num ritual de purificação, numa tentativa de torná-la imaculada, preparando-a para gerar Deus.

Em meio a desespero e dor inconcebíveis, a garota usou seus poderes para dividir sua consciência em duas: sua parte inocente se materializou na forma de um bebê à beira de uma rodovia, sendo encontrada pelo protagonista, Harry, e criada como sua filha. Sua parte ressentida manteve-se na cidade a salvo de sua mãe, preparando uma vingança mais nefasta do que o pior dos pesadelos...

Anos depois sua metade inocente (agora sob o nome Cheryl) sentiu, inconscientemente, a necessidade de se reintegrar com sua contraparte em Silent Hill, pedindo a seu pai adotivo que a levasse para passar as férias na cidade. Ao chegar, Cheryl se perde do pai reunindo-se com sua outra metade. Em meio ao pesadelo vivo, que a cidade se tornara pela vingança de Alessa, Harry tenta desesperadamente encontrar sua filha.

Dahlia manipula o pai desesperado, mentindo sobre Alessa, dizendo que ela era o demônio na forma de uma inocente que queria sacrificar Cheryl para envolver a cidade nas trevas do submundo.

Harry inadvertidamente ajuda a cultista a capturar Alessa, permitindo a ela completar o ritual iniciado há anos atrás, porém Dahlia não contava que um de seus antigos aliados da Ordem, desejando vingança por ter sido enganado, surgiria e atrapalharia o ritual. Ao invés de Deus, a garota dá a luz a uma grotesca criatura, personificação de seus pesadelos, que impiedosamente mata Dahlia, enfim vingando os horrores que ela infligira à filha.

Em seu diálogo final, Dahlia explica a Harry suas motivações com uma voz emocionada e cheia de esperança, dizendo que, com o sucesso de seus planos, todos os pecados e tristezas seriam expurgados dos corações dos homens. Isso demonstra que Dahlia era uma pessoa desequilibrada, consumida pelo sofrimento e que se apegou às promessas quiméricas da religião, abandonando toda a razão.

Agora pergunto: quem de nós, se a possibilidade fosse dada, não tentaria moldar o mundo a seu gosto?

Irwin – Legend of Mana


Para quem não conhece, Legend of Mana é um maravilhoso RPG Ação, ou seja lá como chamem hoje em dia, para PS1. Ele tem visual de história infantil, mas com enredos bem maduros, alguns recheados de tanta tragédia que Édipo daria tapinha nas costas de seus protagonistas e diria: “Isso, desabafa... eu sei que é difícil...”.

Irwin é um dos antagonistas e também um dos que receberia um lencinho do Édipo.

Como? Não conhece Édipo? Aproveite a oportunidade e pesquise. Viu como essa postagem também contribui para seu enriquecimento intelectual? De nada.

Bom, tudo começa ainda na infância de Irwin, que é um meio-demônio e, por isso, sofre certo preconceito. Ele só sofre preconceito mesmo, nada de ser perseguido com tochas ou algo do tipo, não no mundo de Legend of Mana. Quem jogou sabe que nesse mundo existe uma enorme “diversidade étnica” por assim dizer (desde homens quebra-cabeça donos de tavernas a lobos antropomórficos matadores de dragões...), logo um meio-demônio não é nada lá muito especial.

O problema é que ele se apaixonou por Matilda, uma garota que era destinada a ser uma sacerdotisa e, portanto, deveria manter sua castidade. Outro problema é que ela tinha como guarda-costas um aprendiz de paladino mimado e arrogante, Escad, que odiava Irwin por ele ser o objeto do amor de Matilda. No meio disso tudo havia Daena, uma aprendiz de monja (palavrinha feia...), melhor amiga de Matilda e que queria apenas a felicidade da amiga, não tomando partido na rivalidade Escad x Irwin.

Irwin era, desde pequeno, detentor de grandes poderes mágicos oriundos de seu sangue demoníaco, por isso, estava acostumado a enfrentar o mundo sozinho e não responder a ninguém. Isso deslumbrava Matilda, que vivia uma vida cheia de regras e nenhuma liberdade. O destino imposto a ela, causava-lhe grande angústia.

Irwin oferece à amada uma chance de se libertar das correntes do sacerdócio, sugerindo que ela fugisse com ele para longe. Porém o invejoso Escad sai em seu encalço para impedir a fuga. No meio do trajeto eles encontram dificuldades e a frágil Matilda se acovarda, odiando-se por detestar sua vida e ainda assim não ter a coragem de mudar.

Ouvindo as lamentações de sua amada, o meio-demônio decide acabar com o mundo que a fazia sofrer tanto, dando início a um plano. Como primeiro passo ele rouba os poderes mágicos naturais de Matilda, numa tentativa de desqualificá-la como sacerdotisa, poupando-a de tal destino.

Ela termina por cair inconsciente no exato momento em que Escad aparece. Ele, acreditando que Irwin havia matado a garota, decide matar o meio-demônio! Com espada em punho e vontade férrea ele...

Perde miseravelmente e vai parar no mundo dos mortos... Sempre que chego nessa parte do jogo não contenho meu sorriso de satisfação, mais ou menos assim:


Vinte e poucos anos depois Matilda (que se tornou sacerdotisa mesmo sem poderes), já uma anciã, está perto de falecer, pois o roubo de seus poderes afetou sua vitalidade, a fazendo envelhecer muito mais rápido.

Irwin foi para o mundo das fadas e tornou-se seu governante, pois elas simpatizam com sua causa de transformar a humanidade em fertilizante para adubar a Árvore de Mana.

Escad retorna do Mundo Inferior, agora um mestre espadachim que, além de invejoso, está ressentido por sua derrota anterior.

Daena se torna a protetora de Matilda e tenta desesperadamente encontrar uma cura para a amiga.

Irwin executa o próximo passo de seu plano e seqüestra Matilda, planejando levá-la ao mundo das fadas para que ela fique segura e recupere sua vitalidade perdida, para então viver ao lado de Irwin no novo mundo criado por ele. Só que, bem... Ela recusa! O cara move mundos e fundos para agradá-la e ela simplesmente resolve que não está a fim! Nas palavras de alguns de meus amigos: “Mulher é um bicho desgraçado!”.

O que ele não contava é que os anos que passaram afastados mudaram Matilda drasticamente, tornando-a sábia o suficiente para entender que não havia mal ou pecados no mundo, todos eram livres para viver suas vidas da maneira que quisessem. Ela não mais odiava o mundo, mas tampouco reprovava as ações de seu ainda amado Irwin.

Ele, revoltado, resolve continuar o plano, que consistia em ressuscitar uma besta lendária da antiguidade para destruir, nas palavras do próprio Irwin: "as sementes feias chamadas “humanos”.

Nessa parte Daena e Escad chegam a um impasse, que resulta num duelo mortal: ela quer convencer Matilda a aceitar a proposta de Irwin de ir ao mundo das fadas e se salvar, ele quer matar Irwin por razões que já expliquei, mas escondendo-se por trás de um discurso hipócrita de “lutar pelo bem e a justiça”.

O jogador pode escolher entre ajudar um ou outro, mas creio que a maioria escolhe Daena, pois só alguém com o nível intelectual de uma esponja do mar ou que se identifique com Escad (o que é muito pior) faria diferente. Aquele escolhido pelo jogador sobrevive para enfrentar Irwin, mas no duelo final, Escad acaba morto novamente nas mãos do meio-demônio, de qualquer forma.

Após a batalha épica na cabeça da besta lendária, Irwin é destruído e a ressurreição do monstro é interrompida. Enquanto isso, Matilda falece por conta de sua velhice e os dois se encontram no Mundo Inferior. A sacerdotisa diz ao amado que finalmente eles poderiam ficar juntos. Ele a rejeita, ressentido por ela ter recusado sua proposta anteriormente, dizendo que ela foi um espinho em sua trajetória e, mentindo, diz que fez tudo aquilo por ser um demônio e não por amá-la. Ao ser abandonada, Matilda se desmancha em prantos, encerrando a trágica história.

Aqui Édipo, tome um lenço... Eu sei que é difícil...

Kraft – Megaman Zero 4


Megaman Zero é uma série da franquia Megaman feita para o Gameboy Advance, que rendeu quatro fantásticos jogos. É a única com enredo decente e personagens que podem ser, minimamente, levados a sério. Vou falar de um dos antagonistas do quarto jogo, que, assim como o último de quem falei, teve um final trágico.

Na história da série, o mundo está devastado e os recursos naturais se esgotaram quase por completo. Alheios à situação crítica da Terra, os humanos vivem em absoluto conforto e tranqüilidade em sua nação paradisíaca: Neo Arcadia. No quarto jogo, no entanto, Neo Arcadia deixa de ser um paraíso, pois está sob o total controle de um genocida megalomaníaco imortal, Dr. Weil. Esse tirano (que poderia ser descrito como uma combinação de Hitler e Lex Luthor com um toque da canalhice de Freddy Krueger) quer simplesmente fazer a vida humana pior do que a morte... Para sempre!

Kraft é um reploid (robô com inteligência e emoções humanas) encarregado de proteger a humanidade, mas ao invés de tentar combater o tirano, ele aceita servi-lo. Quero deixar bem claro que Kraft é um guerreiro poderosíssimo, não devendo muito ao protagonista, o lendário Zero, em combate. Sabendo disso é natural perguntar: por que cargas d’água ele serviria ao “Führer Lex Krueger” sem nem ao menos tentar detê-lo? Simples. Lembram-se do motivo de Irwin, de quem falei há pouco, ter quase destruído o mundo? Pois é, Kraft era apaixonado por uma humana também, Neige. Aparentemente nem mesmo robôs estão livres de terem a cabeça virada...

Kraft, a princípio, dá a entender que, como Dr. Weil era onipotente, a única chance de sobrevivência dos humanos era curvar-se ante seu poder, pois ele destruiria qualquer um que se opusesse ou tentasse escapar. Kraft atacava os desobedientes para que isso desencorajasse novas tentativas.

A repórter Neige, no entanto, era determinada demais para desistir. Unindo-se a uma caravana ela escapa, sendo implacavelmente perseguida pelas forças de Weil. A caravana é salva por Zero, o que permite aos humanos montarem acampamento no último local da Terra onde o meio-ambiente ainda resiste.

Kraft e seu time de robôs poderosos e não muito bem-intencionados são enviados ao local para exterminar o resquício de natureza restante, obrigando os fugitivos a retornarem a Neo Arcadia. Claro, eles encontram a oposição de Zero e isso, como quem conhece a série Megaman X sabe, não gera boas perspectivas para o futuro.
           
Enquanto seus asseclas caem um a um ante a irrefreável lâmina do Deus da Destruição Zero (notaram que eu gosto dele?), Kraft seqüestra Neige e tenta convencê-la a retornar com ele, pois por pior que a vida em Neo Arcadia fosse, era melhor do que a morte. Ele tentava protegê-la, mantê-la viva, afinal ele a amava. A moça, por sua vez, diz que o Kraft que ela conhecia e amava não aceitaria ver a humanidade, que ele jurou proteger, ser dominada daquela forma e que era preferível morrer a viver uma vida de medo.

Não suportando o fato de ser visto como um covarde por sua amada, Kraft volta-se contra Dr. Weil e, usando um canhão em órbita destinado a destruir o acampamento dos fugitivos, ele atira contra Neo Arcadia visando destruir o vilão, mesmo sacrificando todas as pessoas inocentes que lá habitam. Kraft é punido por seu ato desesperado de coragem através de uma batalha contra Zero, culminando em sua morte pela lâmina do protagonista.

O pior de tudo é que Dr. Weil sobrevive com um sorriso sacana no rosto, afinal ele tem a canalhice de Freddy Krueger, lembram-se?

Hum... Irwin encontra um fim trágico ao tentar atender aos desejos de uma mulher, Kraft mata toda uma população apenas para provar seu valor para outra... Isso faz a gente pensar...

Nyarlathotep – Persona 2


Bem, o que dizer a respeito de Persona 2? É um inesquecível RPG para PS1 dividido em duas partes: Innocent Sin e Eternal Punishment, simplesmente dono do melhor enredo que já vi em um RPG eletrônico. Para mais detalhes leia a postagem do Juninho clicando aqui e aqui.

O antagonista dessa história pode, à primeira vista, parecer um vilão, pois é imensamente poderoso e parece só querer se divertir com as desgraças que causa, mas há um fator que muda tudo e que explicarei agora.

Existe uma realidade formada pela interseção de todas as mentes humanas, o Inconsciente Coletivo. Lá os pensamentos e emoções ganham forma: as Personas, as diversas “faces” das personalidades dos homens na forma de seres metafísicos poderosos.

Da mesma forma, as ondas de pensamento coletivo também ganham forma: dois seres imensamente poderosos: Philemon e Nyarlathotep. O primeiro representa o aspecto mais produtivo da humanidade: curiosidade, coragem, sentimento desbravador, evolução. O segundo personifica o lado auto-destrutivo da espécie: ignorância, apatia, autopunição.

Num dado momento da história humana, já no século vinte, é chegada a hora de a raça humana ser testada: através da adversidade a mesma evoluiria (desejo de Philemon) ou seria extinta (desejo de Nyarlathotep). Ambas as entidades apertam as mãos em acordo e movem suas peças que são as pessoas, no tabuleiro que é o mundo.

Philemon dá a algumas pessoas a possibilidade trazer suas Personas para o plano físico, usando seus poderes para lutar. Ele também escolhe seus campeões e os guia na empreitada de salvar a civilização.

Nyarlathotep aparenta ser mais poderoso do que o “irmão”, podendo agir diretamente na realidade. Ele estreita os limites entre o mundo material e o Inconsciente Coletivo, permitindo que a onda de pensamento das massas molde o mundo real. Manipulando pessoas que controlam os veículos de comunicação para espalhar rumores, ele usa a credulidade e ignorância das pessoas para moldar a realidade a fim de se favorecer.

Usando essa tática na primeira parte da história (Innocent Sin), o antagonista chega até mesmo a trazer ao mundo um exército nazista liderado pelo próprio Hitler! Não fazem idéia de como foi surpreendente e empolgante assistir a cena em que os nazistas invadem a cidade!

No fim de Innocent Sin, a civilização está prestes a ser destruída por aquela famosa profecia maia do fim do mundo e os protagonistas (os tais escolhidos por Philemon) enfrentam Nyarlathotep em uma difícil batalha para impedi-lo. Difícil para eles, pois Nyarlathotep estava apenas se divertindo. Quando eles pensam que venceram, o “Caos Rastejante”, como é também chamado, caçoa dos coitados, mata a pessoa mais querida deles e destrói a humanidade bem embaixo de seus narizes! Ele é meu herói!!!

Sentindo-se culpado (e derrotado) Philemon tenta compensar a dor de seus escolhidos oferecendo a eles a possibilidade de reverter toda aquela tragédia eliminando aquela linha cronológica, fazendo o tempo regredir até o ponto onde tudo começa, com a condição de que eles esquecessem de tudo que havia ocorrido, inclusive de sua amizade. Porém um deles comete o pecado inocente (daí o nome do jogo) de se recusar a esquecer, contrariando a vontade de todos.

Esse “pecado” faz com que o mundo continue arrasado e a nova linha temporal que seria criada torna-se uma realidade alternativa. Claro que o “Caos Rastejante” viaja para o novo mundo, afinal ele adora seu trabalho.

Na nova realidade (Eternal Punishment), ele usa a mesma tática e espalha mais tragédia, mas no final ele é finalmente derrotado pelos novos escolhidos de Philemon. Entretanto não é destruído, pois por ser a personificação de uma face da humanidade, enquanto a mesma existir ele também o fará. Nas palavras do próprio: “Enquanto houver sombras nos corações dos homens eu sempre existirei!”.

Nyarlathotep, assim como os outros aqui mostrados, não é um simples vilão. Ele representa um desejo inconsciente da humanidade. Isso significa que o sujeito espalha a desgraça por dois mundos e, no fim, a culpa é nossa... E isso, meus caros é BRILHANTE!

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Bem, acredito que os personagens aqui mencionados ilustram bem o que classifico como antagonista. Nenhum deles é simplesmente mau, todos perseguem seus objetivos e mesmo que discordemos de suas idéias eles apenas exercem sua liberdade, bem como aqueles que os combatem, afinal eles são livres até para destruir este mundo, mas nós somos livres para detê-los!

Bem, essa é a primeira vez que publico um texto em um blog, espero que tenha ficado pelo menos decente. Quaisquer críticas (respeitosas, por favor) e dicas serão muito bem-vindas.

Até mais!

5 comentários:

nerdxheaven disse...

"Bem, o que dizer a respeito de Persona 2? É um inesquecível RPG para PS1 dividido em duas partes: Innocent Sin e Eternal Punishment, simplesmente dono do melhor enredo que já vi em um RPG eletrônico." Enfim, mereceu meu respeito pela citação do Nyarlathotep. Compartilhei o post.

lucas freitas disse...

Cara muito foda essa matéria, bom acho também que Silent hill é o melhor Psycho Horror da historia,na frente de Dementium.
cara ficou fantastico.

Parabéns
abrasssss

Anônimo disse...

Adorei! Muito bom o blog ^^

Anônimo disse...

Acabei de ler todo o post, mandou muito bem ein! Você certou em falar de Silent Hill, é o melhor Psycho horror da história²

Além dos outros games, não sou muito fã deles... agora que vi esse post, me deu mas vontade de ir atrás desse Persona pra jogar!

parabéns pelo blog, abraço!

Dieguito disse...

Lindo, sublime